Você sabia? Há 115 anos um time de Cascalho entrou para a história do futebol regional!
Em nossos arquivos encontramos um registro que arrepia qualquer apaixonado por história e esporte. No dia 23 de janeiro de 1910, o jornal O Alpha divulgava o primeiro jogo oficial do Rio Claro Foot-Ball Club. E adivinha quem foi o adversário escolhido para esse momento histórico? O Sport Club Caramurú, um time de Cordeiro, hoje Cordeirópolis, mais especificamente ligado ao bairro de Cascalho. Uma viagem no tempo Naquela época, a ligação entre as cidades era facilitada pela linha férrea, que permitia não só o transporte rápido como também a chamada baldeação, quando os passageiros mudavam de composição para seguir viagem. Foi graças a essa estrutura que o Caramurú pôde enfrentar o recém-criado clube rioclarense. Imagina só: há mais de 115 anos, Cordeirópolis já tinha um time atravessando fronteiras e participando de jogos em cidades vizinhas. Um feito e tanto para uma cidade que ainda dava seus primeiros passos na vida esportiva! A ficha do primeiro “match” O jornal da época trouxe a escalação completa — e usou até o termo em inglês “match”, que significa partida, jogo. A bola rolou às 17h e terminou com vitória do time da casa: Rio Claro Foot-Ball Club 2 x 0 Sport Club Caramurú Escalações: Curiosamente, naquela época a tradição era divulgar primeiro a escalação do time visitante, começando pelo goleiro, e só depois a do time da casa, mas partindo do ataque. Assim, Moreira defendia o gol do Caramurú, enquanto Alfredo guardava a meta do Rio Claro. Memórias que pedem mais peças A foto recebida de arquivo é tão antiga que mal é possível identificar a fisionomia dos jogadores. Temos a escalação, temos o registro do jornal… mas ainda faltam muitos detalhes dessa incrível história esportiva. Quem eram esses homens que vestiram a camisa do Caramurú? Como surgiu esse time? E como foi o desenrolar dessa partida tão simbólica para a região? E aqui entra você! Nós do Tá no Arquivo abrimos essa cortina do passado e queremos a ajuda de todos: se você tem informações, fotos, relatos ou lembranças sobre o Sport Club Caramurú, compartilhe conosco. Sua colaboração pode resgatar um pedaço único da memória esportiva de Cordeirópolis e da região. Foto original. Para capa usamos IA para melhorar a imagem.
Quando a bola uniu e separou
Equipe de futebol dirigida por Durval Nevoeiro venceu o campeonato no município vizinho em 1954, seis anos depois da emancipação político-administrativa de Santa Gertrudes Era final da década de 1940. Santa Gertrudes ainda respirava o ar fresco da emancipação política, conquistada em 1948. No dia 29 de agosto de 1949, a paixão pelo futebol ganhou novos contornos e uma rivalidade política mudou para sempre o rumo do esporte na cidade. De um lado, Archangelo Soave, diretor do Santa Gertrudes F.C.; do outro, Durval Nevoeiro. Da divergência entre os dois nasceu o Esporte Clube Flamengo, que se tornaria símbolo de ousadia e glória. O estatuto foi registrado em cartório em 13 de janeiro de 1950 e, logo depois, publicado no Diário Oficial do Estado. Na primeira diretoria, nomes que ficariam marcados na história: Também integravam o grupo: Oscar Rafael da Rocha, Oswaldo Rocha, Joaquim Simabuco, Vitor Lopes, Eugenio Secco e Guerino Codo. O time em campo Comandados pelos técnicos Ivo Gobbi e Flávio Ferreira, os jogadores formavam uma seleção de talentos que incendiava os campos: Dinho, Dinda, João Dadona, Orlando Giovanni, Irieu, Adamastor, Abissiça, Arquimedes, Assis, Luizinho Cattai, Jamil e João Indaia. A cada jogo, a rivalidade crescia. Mas junto com ela também aumentava o orgulho da cidade em ter um time que desafiava limites. A glória de 1954 Apenas quatro anos depois de sua fundação, veio o feito que entraria para a história. Em 1954, o Flamengo de Santa Gertrudes conquistava o Campeonato Amador de Rio Claro — título inédito que projetou o nome do clube e deu à cidade recém-emancipada um lugar de destaque no cenário esportivo regional. Sob a liderança de Durval Nevoeiro, a conquista ecoou além das fronteiras municipais e tornou-se parte da identidade esportiva de Santa Gertrudes. Memória preservada Quem registrou cada passo dessa trajetória foi o pesquisador José Antonio Milani, o “Gancho”. Graças ao seu trabalho, a memória do Flamengo e de seus protagonistas não se perdeu. Hoje, essas histórias sobrevivem nos arquivos e na lembrança de quem viveu a época em que a bola foi capaz de unir corações, mas também separar caminhos. Mensagem “Aquela bola que rolou em 1954 ainda ecoa nos corações de quem viu o Flamengo escrever sua glória.”