Descobrimento do Brasil: por que a data mudou de 3 de maio para 22 de abril?


Você sabia que o Descobrimento do Brasil já foi comemorado em 3 de maio? Descubra como um morador de Leme (SP), José de Almeida Peixe Abade, provou que a data correta é 22 de abril de 1500.

José de Almeida Peixe Abade
José de Almeida Peixe Abade


A polêmica da data do Descobrimento
Muita gente aprende na escola que o Descobrimento do Brasil aconteceu em 22 de abril de 1500, quando a frota de Pedro Álvares Cabral desembarcou na região da atual Porto Seguro (BA).
O registro mais famoso desse episódio é a Carta de Pero Vaz de Caminha, documento que descreve em detalhes a nova terra avistada numa terça-feira.


Conversamos com a historiadora e chefe de Núcleo de Patrimônio Histórico da cidade de Leme, Cibele Arle, ela explica que durante séculos acreditou-se que a chegada havia ocorrido em 3 de maio.

O motivo? Essa era a data da Festa da Santa Cruz, e como o Brasil foi inicialmente batizado de Terra de Vera Cruz, a coincidência acabou gerando a confusão.

O papel de um morador da nossa região


Quem ajudou a resolver esse erro histórico foi um personagem pouco lembrado, mas essencial: José de Almeida Peixe Abade, morador de Leme (SP).
• Advogado, delegado e promotor.
• Jornalista e historiador apaixonado pela verdade dos fatos.
• Fazendeiro e figura de grande influência social em sua região.
Na década de 1940, intrigado com a polêmica, Peixe Abade mergulhou em pesquisas. Analisando documentos raros, inclusive a Carta de Caminha, ele reuniu provas de que o Brasil foi avistado em 22 de abril, e não em 3 de maio.

Reconhecimento oficial
Em 1949, José de Almeida Peixe Abade apresentou seu estudo à Câmara dos Deputados. Sua pesquisa foi aceita e o Brasil, enfim, passou a celebrar oficialmente o 22 de abril como o Dia do Descobrimento.
Graças a ele, a memória nacional foi corrigida e, até hoje, é essa a data reconhecida nos livros, escolas e calendários.

Biografia resumida de José de Almeida Peixe Abade
• Nascimento: 2 de fevereiro de 1889, em Araras (SP).
• Infância: Mudou-se para Leme após o falecimento do pai. Adotou o sobrenome “Abade” em homenagem ao padrasto.
• Carreira: Formado em Direito, atuou como delegado, promotor e advogado.
• Vida pessoal: Casou-se em 1917 com Olga Aranha e teve seis filhos.
• Atuação social: Foi vice-presidente da Câmara de Leme e presidente do Esporte Clube Lemense.
• Historiador: Autor de pesquisas que mudaram a forma como o Brasil entende seu descobrimento.
• Falecimento: 20 de junho de 1964, em Leme, aos 65 anos.

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Por que lembrar dessa história?


Como ressalta Cibele Arle, compreender os bastidores dessa mudança é reconhecer que até os grandes fatos da nossa história podem ter sido fruto de interpretações equivocadas. E que pessoas comuns, como um advogado e pesquisador do interior paulista podem mudar o curso da narrativa nacional.

Conclusão


O descobrimento do Brasil não é apenas uma data no calendário, mas um símbolo de identidade.
Graças ao trabalho incansável de José de Almeida Peixe Abade, hoje sabemos que foi em 22 de abril de 1500 que Cabral e sua esquadra chegaram oficialmente ao território brasileiro.


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