Você sabia que Cordeirópolis pode ser muito mais antiga do que imaginamos?
Embora o marco oficial de fundação seja o ano de 1886, existe a possibilidade de que a cidade tenha mais de 200 anos de história, segundo memórias preservadas por antigos moradores.
Em uma reportagem especial publicada pelo Jornal Expresso em janeiro de 2008, foi registrado um valioso depoimento do senhor Antonio Reinaldo Meneghin, que na época contava aos 88 anos de idade. Ele faleceu alguns anos depois, mas deixou um relato rico e convincente, baseado nas histórias que ouviu de seus bisavós ainda na infância, sobre o antigo povoado chamado “Cordeiro”.

Apesar de os registros históricos mais concretos virem das pesquisas do historiador Paulo César Tamiazo, que identificou no jornal O Estado de São Paulo, datado de 14 de março de 1886, a notícia sobre o início das obras da Capela de Santo Antônio dos Cordeiros origem reconhecida do povoado , os relatos do senhor Meneghin trazem luz a uma história ainda mais remota.
Afinal, se a capela seria construída, é sinal de que já havia um povoamento anterior organizado na região.
“Cordeiro” antes da fundação: memórias de um tempo esquecido
O senhor Meneghin revelou na entrevista:
“Meu avô sempre contava que por aqui passaram os Bandeirantes. O governador da época mandava que as pessoas viajassem 47 léguas para o norte do Estado, e eles vinham parar aqui, onde montaram uma fábrica de cordas”.
Segundo ele, essa fábrica de cordas estaria localizada onde hoje é a avenida Wilson Diório, nas proximidades do atual posto de gasolina. O senhor ainda relatou que no local havia uma roda d’água usada para enrolar os fios, tecnologia comum na época colonial.
Embora esses relatos não tenham comprovação documental, é importante lembrar que muito da história antiga não foi registrada oficialmente, e muitas vezes se perpetuou apenas na memória dos moradores. Isso nos permite considerar com carinho e atenção essa possibilidade: a de que Cordeirópolis possa ter sido habitada e desenvolvida muito antes de 1886.
O que os documentos revelam
A pesquisa feita por Tamiazo revelou que cinco dias antes da publicação da notícia no jornal O Estado de São Paulo, ou seja, em 9 de março de 1886, haviam começado os trabalhos de construção da capela o que hoje é a Igreja Matriz de Santo Antônio.
Esse fato, considerado o marco inaugural do município, corrige o equívoco histórico que constava no brasão e na bandeira da cidade, que indicavam 1889 como data de fundação. Após as comprovações, a Câmara Municipal ajustou oficialmente a lei dos símbolos municipais em 1993.
Curiosamente, antes dessa descoberta no jornal, já existia um documento datado de 30 de março de 1886, que registrava a venda de terrenos no então povoado. Isso reforça ainda mais a ideia de que o povoamento já existia antes da fundação oficial, corroborando parte do que foi contado pelo senhor Meneghin.
Antes de Cordeirópolis, um mar de fazendas
Muito antes da cidade, a região era terra de grandes propriedades rurais. Já em 1817, o Governo de São Paulo começava a oficializar as posses. Foi assim que surgiram nomes importantes como a Fazenda Ibicaba e a Sesmaria do Cascalho.
O solo que hoje calça ruas e avenidas foi, um dia, cenário da transição entre cana-de-açúcar e café. E foi o café que acabou mudando tudo: exigiu infraestrutura, atraiu mão de obra e aproximou o interior do mundo.
O trem que mudou o destino – 1876
Campinas e Rio Claro foram conectadas pela Companhia Paulista de Estradas de Ferro. E no meio do caminho, uma parada: a Estação do Cordeiro.
Ali, onde hoje passam carros e moradores apressados, o apito do trem anunciava progresso. Era o início do adensamento urbano. Era o prenúncio da cidade.

Cascalho – o bairro que impulsionou o crescimento
Você sabia que o bairro Cascalho foi o primeiro núcleo colonial oficial do Estado de São Paulo?
Sim, fundado em 1884, a partir de terras compradas de Domingos Nogueira Jaguaribe, o núcleo foi criado para acolher imigrantes em um Brasil recém-saído da escravidão.
Cascalho trouxe movimento. Gente nova. Comércio. Produção. E mais do que isso: consolidou a Estação do Cordeiro como ponto vital da região.
De povoado à Capela de Santo Antônio do Cordeiro
Enquanto Cascalho florescia, outro nome começava a se fixar: Manoel Barbosa Guimarães. Foi ele quem loteou terras próximas e deu início ao que seria o núcleo urbano da futura cidade, nomeado como Capela de Santo Antônio do Cordeiro, provavelmente em 1885.
O pequeno comércio crescia, os trilhos levavam e traziam esperança, e a capela reunia moradores em fé e festa.
O nascimento oficial e a mudança de nome – 1899.
Comércio se fortalecendo e agricultura pujante fizeram a vila se tornar distrito de paz. Foi reconhecida pela Lei Estadual nº 645.
Anos depois, em 1943, por plebiscito, o nome mudou: de Cordeiro para Cordeirópolis, agora com o “polis” de cidade, de povo.
Em 1948, o ciclo se completava. Cordeirópolis se tornava município independente por meio da Lei Estadual nº 233, sancionada em 24 de dezembro. Um presente de Natal histórico.
Seda, cerâmica e o futuro
Poucos sabem, mas o primeiro parque industrial de Cordeirópolis surgiu com a produção de seda. Depois, a cidade foi se reinventando, e a cerâmica se tornou a nova força econômica.
Hoje, no ano de 2025, se aproximando dos 140 anos de história (considerando oficial), a cidade continua sendo escrita — pelas mãos dos que chegaram, dos que ficaram e dos que não esquecem suas raízes.
Conclusão
Cordeirópolis não começou com asfalto e semáforos. Começou com fé, imigração, estrada de ferro e uma capela. Começou com coragem.
Queremos saber: você conhece histórias antigas da cidade? Tem fotos, lembranças ou curiosidades da época da Estação do Cordeiro ou da Capela de Santo Antônio?
Mande pra gente. Aqui, a memória não se perde. Ela se eterniza. Porque se a história é boa, Tá no Arquivo.