Foram os trilhos que uniram cidades, histórias e vidas. A Estrada de Ferro Sorocabana, inaugurada em julho de 1875, completa 150 anos e continua sendo símbolo de desenvolvimento e luta.

O sonho inicial era escoar o algodão, mas logo os vagões passaram a carregar café, mercadorias e passageiros, conectando o interior paulista ao litoral e impulsionando a economia não apenas do estado, mas de todo o país.
Com mais de 800 km de linha tronco, a Sorocabana ligava São Paulo a Presidente Epitácio, passando por cidades como Sorocaba, Botucatu, Ourinhos, Assis e Presidente Prudente. Ramais estratégicos, como o de Itararé (até o Paraná) e o de Jurubatuba (hoje Linha 9-Esmeralda da CPTM), reforçavam a integração. Outro trecho importante foi o que ligava Mairinque a Santos, fundamental para o escoamento da produção agrícola e industrial.
Mas nem tudo foram conquistas fáceis. A ferrovia também foi palco de greves históricas entre 1914 e 1919, marcadas por jornadas exaustivas, baixos salários e a luta por dignidade. Foi nesse contexto que nasceu a força sindical que até hoje resiste.
O Sindicato dos Ferroviários da Estrada de Ferro Sorocabana, fundado em 1932, tornou-se uma das maiores entidades sindicais da América do Sul. Fechado por Vargas em 1940, renasceu e deu origem ao atual Sindicato dos Trabalhadores em Empresas Ferroviárias da Zona Sorocabana, reconhecido oficialmente em 1974 e que hoje completa 50 anos de história.
Sob a presidência de José Claudinei Messias, o sindicato segue firme na defesa dos trabalhadores da base Sorocabana, CPTM e empresas privadas. Representa ativos e aposentados, enfrenta a precarização e acompanha os processos de concessão e privatização, sempre em busca de garantir que o suor de quem construiu os trilhos não seja esquecido.

Hoje, parte da malha foi concedida à iniciativa privada com a Rumo Logística no transporte de cargas, a CCR (MOTIVA) operando linhas da CPTM e metrô, e até o VLT da Baixada Santista sob administração da BR Mobilidade. Mas a luta sindical continua: ferrovia é mais do que transporte, é patrimônio, é história e é futuro.
O Sindicato dos Ferroviários da Zona Sorocabana honra cada trabalhador que, ao longo de 150 anos, deixou sua marca nos trilhos que ajudaram a erguer cidades e transformar a vida de milhares de pessoas.
Tá no Arquivo resgata, mas também valoriza quem mantém essa memória viva: o trabalhador ferroviário.
Este artigo é uma reprodução do Sindicato dos ferroviários da Estrada de ferro Sorocabana.