O caminho das sesmarias: as terras que moldaram Iracemápolis

Este é mais um episódio inspirado no livro “Iracemápolis: Fatos e Retratos” do professor José Zanardo (2008). Aqui no Tá no Arquivo, seguimos dando nova forma aos fatos, trazendo uma leitura viva e emocionante sobre as origens da aconchegante cidade de Iracemápolis. Para quem quer acompanhar os episódios dos artigos, pode ler: Onde tudo começou: quando Iracemápolis era só água, mata e esperança.

 Terras de riqueza e promessa

Quando falamos de Iracemápolis, precisamos lembrar que, muito antes de ser vila ou cidade, ela nasceu dentro de um território gigantesco chamado Sesmaria do Morro Azul. Esse pedaço de chão não era qualquer terra: era uma das mais férteis, produtivas e cobiçadas da região.

A Sesmaria, ainda no século XIX, abrangia o que viria a ser três grandes fazendas: Morro Azul, Paraguaçu e Paramirim. Eram áreas de solo vermelho, perfeitas para o cultivo da cana-de-açúcar e para a instalação dos engenhos que adoçavam o Brasil.

 A divisão das terras

Com a morte do Brigadeiro Jordão, herdeiro e proprietário da imensa Morro Azul, as terras foram repartidas. Assim, surgiram outras propriedades, como a Ibicaba e o Quilombo. Cada divisão carregava não só a terra, mas também a responsabilidade de sustentar famílias inteiras e dar vida a comunidades que começavam a nascer.

De acordo com o professor Zanardo, a Ibicaba, sob a condução do Senador Vergueiro, se tornou pioneira: foi lá que imigrantes começaram a trabalhar em regime de parceria, substituindo o trabalho escravo por um sistema que mudaria para sempre a economia regional.

A produtividade agrícola

Essas terras eram celeiros de fartura. No recenseamento de 1822, já havia registro de 231 unidades habitacionais, centenas de engenhos e uma população que somava quase 1.500 pessoas, entre livres e escravizados.

A cana-de-açúcar era a rainha da lavoura, seguida pelo milho e pelo feijão. Desses campos saíam toneladas de açúcar em três tipos:

Banner Promoção
  • açúcar branco,
  • açúcar redondo,
  • açúcar mascavo.

Tudo era transportado em lombo de burros até São Paulo, e de lá seguia para o Porto de Santos. Uma viagem que podia durar até 6 dias.

 O legado das sesmarias

As sesmarias não foram apenas lotes de terra. Elas foram o berço de Iracemápolis. Dali nasceram os povoados, os primeiros comércios, as festas populares e até a mistura cultural que hoje define a identidade dos iracemapolenses.

Cada fazenda deixou sua marca, seja na economia, na religião, nos sobrenomes ou na própria geografia da cidade. Quando olhamos para trás, é impossível não reconhecer: foi no Morro Azul e nas sesmarias vizinhas que tudo começou a ganhar forma.

Convite a você  leitor

Essa história não é apenas sobre terras antigas, mas sobre raízes que ainda vivem em todo o povo.
 Você sabia que sua família pode ter vindo dessas fazendas?
 Reconhece algum sobrenome ligado ao Morro Azul ou à Ibicaba?

Comente, compartilhe e ajude a manter viva a memória de quem construiu a cidade.
 Projeto Tá no Arquivo – resgatando as histórias que o tempo não pode apagar.

Se você leu até aqui, não deixe de ler: Onde tudo começou: quando Iracemápolis era só água, mata e esperança.